Teste capacete Airoh Twist e óculos Sprint Shape - Dupla inseparável

Fomos para fora de estrada testar dois equipamentos de moto que, apesar de independentes, são inseparáveis! Fique a conhecer a nossa opinião sobre o capacete Airoh Twist e os óculos Sprint Shape neste teste do Andar de Moto.

Conhecem a cantora brasileira Adriana Calcanhotto? Imagino que a maioria sim e mesmo os que têm dificuldade em recordar-se dela, chegam lá facilmente com o tema Fico assim sem você (o vídeo oficial é fantástico, quase tanto como a música). Relembro apenas a primeira estrofe:

Avião sem asa

Fogueira sem brasa

Sou eu, assim sem você

É mais ou menos este o sentimento que um capacete de fora de estrada experimenta quando o seu utilizador/a se esquece de o acompanhar pelos óculos TT. Dito de outra forma, só fazem sentido estando juntos, apesar de serem completamente independentes!

Capacete Airoh Twist Strange

A Itália é um país com uma fortíssima indústria e tradição no motociclismo. Não apenas de motos e respetivos periféricos (sistemas de travagem, de injeção, suspensões…), mas também de equipamentos e acessórios, sendo a marca Airoh uma digna representante do País da Bota.

A marca italiana é representada pelo Salgado Motos e o modelo que agora passo a apresentar é de gama média, com um preço de aquisição interessante e um nível de proteção e conforto nivelado pelo que a concorrência oferece. Não é um modelo de entrada de gama (para isso existe a linha Switch), mas também está longe de ser um topo de gama, como a linha Aviator, com construção mista de carbono/kevlar.

A marca, com sede em Bergamo, começou por fabricar capacetes para outras marcas em 1986, mas rapidamente deu o salto e começou a produzir capacetes de marca própria e conseguiu uma expansão mundial a uma velocidade alucinante, suportada essencialmente pela forte aposta na competição, nomeadamente em capacetes “fora de estrada”.

No nosso país a ascensão foi meteórica, quando a marca se apresentou com capacetes a pesar cerca de 1kg, apoiando nomes da competição de topo como David Knight ou Antonio Cairoli. Os consumidores lusos adoraram o baixo peso, a qualidade de construção, os gráficos agressivos e mesmo hoje, sobretudo no off-road, continuam a ser uma marca incontornável, seja para utilização dos profissionais, seja dos amadores.

Neste momento a marca continua focalizada nos capacetes, mas alargou imenso o seu âmbito de produção, chegando praticamente a todos os tipos de capacete: integrais, modulares, on-off-road, abertos, junior… penso que dos principais só faltam mesmo os retro/clássicos… por enquanto!

A análise que partilho convosco é centrada no modelo Twist. Tem sido um companheiro fiel de aventuras há já alguns meses, pelo que já é possível apresentar uma análise mais detalhada do mesmo.

Primeira nota positiva para a diversidade de padrões/cores. Numa pesquisa prévia na internet ou num qualquer agente vão ficar admirados com a diversidades de escolhas que existe! Das tradicionais cores sólidas branco e preto até uma miríade de cores e padrões a dificuldade é escolher nas quase duas dezenas disponíveis! A minha opção recaiu no Strange Azul por uma mera questão de gosto pessoal e por ser bastante visível, sem ser espalhafatoso.

Abordando pela enésima vez a questão dos tamanhos, ver ABC do equipamento fora de estrada, parte I e sabendo que sou cabeçudo (cerca de 62 cm), a opção recaiu no tamanho XL, o que se veio a revelar a escolha acertada.

Para um capacete de termplástico (HRT) não deixa de ser surpreendente o baixo peso. Na balança acusou um peso a rondar os 1250 gramas, o que é uma bela surpresa, algo que se agradece sobretudo para quem faz tiradas mais longas fora de estrada, tipo “Lés a Lés” ou voltinhas mais demoradas...

O sistema de fecho é do tipo “duplo anel” em D, fácil de operar, mesmo com luvas. Além disso, merece destaque o excelente campo de visão, a pala facilmente regulável e os interiores que são hipoalergénicos e muito fáceis de remover para lavagem. São pretos, apenas com umas ligeiras riscas em branco, o que resulta muito bem e atenua o efeito do desgaste.  Tem ainda um pequeno filtro dianteiro fácil de retirar para limpeza ou para trocar por outro. Felizmente, a marca praticamente abandou os contornos do capacete em branco, algo que rapidamente fazia parecer o capacete velho e feio, mesmo que fosse limpo regularmente.

A única nota menos positiva que tenho é para as duas saídas de extração do ar quente. Funcionam bem canalizando o ar quente para fora da cabeça, mas são algo expostas. Ou seja, numa situação em que o utilizador/a circule a baixa velocidade num ambiente muito húmido/chuvoso é natural que seja brindando com a entrada de alguma água. Aconteceu comigo, mas foram apenas algumas gotículas, nada de preocupante.

Continua a ser um bom parceiro, tem apenas uns ligeiros riscos do contato com alguma vegetação e espero que envelheça bem. Na eventualidade de ocorrer alguma queda “feia” com ele, será uma separação precoce pois não vale a pena facilitar nesta matéria, mesmo quando exteriormente tudo parece ok.

Ainda uma nota de destaque para o facto de vir bem embalado e protegido, com um bonito saco de transporte e com todos os parafusos devidamente apertados. A ter que sugerir alguma coisa, era que viesse, como alguns concorrentes, com uma pala de substituição, já que se trata de uma peça relativamente frágil e cara. Também podia trazer um prolongador da pala, algo que muito se agradece em condições chuvosas… e que é vendido como acessório!

O PVP atual do capacete Airoh Twist Strange é de 150,06€.

Óculos Sprint Shape

Vamos agora debruçar-nos sobre os óculos que têm acompanhado o capacete, dele fazendo parte de forma indissociável, tal como na canção da Adriana. Também podem ser adquiridos no Salgado Motos ou em qualquer outro representante da marca Sprint.

Um destaque prévio: a Sprint é portuguesa sendo que, de acordo com a informação que partilham, “Os nossos produtos são todos desenhados e desenvolvidos em Portugal”. Ainda assim, são honestos ao ponto de apresentar no invólucro dos óculos a indicação que são “Made in China”! Nota positiva para esta postura profissional!

Começando logo por um aspeto crucial, há que destacar que o preço é de arromba! Na casa dos 30 euros, quase que parece bom demais! Por esse valor conseguimos uns óculos com uma camada tripla de espuma (veremos como resiste ao passar do tempo). A correia elástica é facilmente ajustada e tem tiras de silicone para melhorar a fixação ao capacete. Vem com uma lente ligeiramente espelhada anti risco (pelo menos em teoria, mas já lá vamos) e, para grande espanto, vem ainda com uma lente suplente, esta completamente transparente, 3 tears-off e um bonito estojo de transporte! Percebem agora porque afirmei que o preço é excelente?

Por simples questão estética, optei pela conjugação de cores preto/cinza já que é um padrão mais conservador e resulta bem com praticamente todas as cores de capacete. Para gostos diferentes existem mais 4 conjugações de cores, todas elas mais vistosas e alegres…

Depois de devidamente ajustada a correia ao tamanho do capacete é chegada altura de começar a sua utilização plena e rapidamente saltam à vista (literalmente falando) alguns aspetos:

- Os óculos, de tamanho universal, são um pouco menores que a área disponível no capacete. Na prática, existe cerca de 1 cm de cada lado do capacete que não é aproveitado, perdendo-se algum campo de visão! Agora imagine-se que era ao contrário e os óculos não iriam caber! Portanto, testar sempre antes de comprar e em situação real de utilização;

- O sistema de anti embaciamento da lente é eficaz e resulta bem, pelo menos por enquanto, tal como o “espelhamento” da lente e a anti-distorção;

- Testei com óculos de sol (não uso “óculos de ver”) e cabem perfeitamente, ficando bem ajustados pelo que não deve ser problema, mas correndo o risco de me repetir… provar sempre previamente;

- Os óculos vêm com uma pequena e útil “narigueira” (muito fácil de desmontar, o oposto é que nem tanto). Quando montada implica alguma ginástica para caber na área disponível no capacete, mas gosto de a usar por considerar que representa proteção adicional, embora a troco de mais algum calor nessa zona do rosto;

- A lente completamente transparente (troca simples com a espelhada) é mais adequada para situações em que a incidência solar seja menor, como dias chuvosos ou mais nublados e a diferença nota-se bem. Em algumas circunstâncias faz sentido andar com uma montada e a outra no pequeno estojo, podendo a permuta entre ambas fazer-se rapidamente e sem qualquer ferramenta, além das nossas mãos.

Deixei para o fim o único aspeto que considero mesmo negativo nestes óculos. A lente, apesar de indicar que tem tratamento anti-risco, o mesmo é pouco eficaz. Num ambiente mais endurista e com muita vegetação à mistura, vários ramos/arbustos roçaram nos óculos e ficaram logo alguns riscos. São apenas superficiais e não comprometem a visibilidade, mas não estava à espera que surgissem com tanta facilidade!

O preço atual dos óculos Sprint Shape é de 35,06€.

Veredito final

De acordo com a última informação que pesquisei no site do importador, o capacete está neste momento em promoção e em várias cores. Certamente que a mesma será extensível aos agentes da marca pelo Continente e Ilhas.

E o que significa isso? Que, por cerca de 200 euros, conseguem adquirir um conjunto capacete/óculos que não vos vai defraudar, nem forçar a partir o porquinho mealheiro! Pode estar aqui uma excelente oportunidade para a renovação de um ou ambos e nem fazer sentido comprar fora do país!

Irei continuar a usar esta combinação dos dois equipamentos e assim será possível ter uma noção mais clara de como resistem às agruras de uma utilização mais agressiva, ainda que relativamente esporádica, sobretudo na época estival.

Para já a apreciação é francamente positiva, tal como o grau de satisfação. Numa lógica de custo/benefício o binómio capacete Airoh Twist e óculos Sprint Shape passam a prova com nota elevada e ficam dispensados de ir à oral!

andardemoto.pt @ 26-8-2019 15:35:21 - Pedro Pereira


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